Título no Brasil: Bipolar (2008)
Título
Original: Manic (2008)
Autor: Terri Cheney
Tradutor: Júlio de Andrade Filho e
Clene Salles
Edição: 1ª
Editora: Larousse do Brasil
Número de
Páginas: 208
ISBN: 9788576352846
SINOPSE: Em um momento, Terri
Cheney está agachada sob sua mesa em seu escritório em Beverly Hills,
paralisada pela depressão; no momento seguinte, está empinando pipas à beira de
um penhasco, sob uma violenta tempestade. Em outro momento, ela está tomando uma
dose excessiva de analgésicos com tequila, e depois está perdidamente
apaixonada. Bonita, extremamente bem-sucedida e brilhante, Cheney – como outros
10 milhões de pessoas, apenas nos Estados Unidos – sofre de transtorno bipolar,
um terrível segredo que quase a matou. A autora revela os efeitos causados por
essa devastadora doença sobre si e sobre aqueles que a cercavam. Desde as
múltiplas tentativas de suicídio, experiências de quase morte, noites na cadeia
e exploração sexual, passando por amizades rompidas e pelo tratamento de
eletrochoque, Bipolar é o retrato de uma vida vivida em extremos, uma
inesquecível viagem numa montanha-russa.
MINHA LEITURA DO LIVRO:
BIPOLAR é um
livro intenso. E eu digo isso por toda a ferocidade que a narrativa de Terry
nos proporciona em momentos tão conturbados. Diagnosticada com Transtorno
Bipolar, Terry passou por tudo, com altos e baixos que iam desde uma muito bem
sucedida carreira, até as amarras de uma clínica psiquiátrica.
Você mergulha
sem respirador numa história que poderia ser muito bem o roteiro de um filme,
não fosse tão chocante. É algo como do Céu ao Inverno em 60 segundos.
Terry Cheney,
era uma advogada especializada em entretenimento e propriedade intelectual,
muito bem sucedida tendo trabalhado em casos badaladíssimos, com clientes cujo
dinheiro sequer poderia um dia ser problema. Mas alcançar tudo isso teve um
preço muito alto em sua vida. Ninguém gosta de ter que lidar com um bipolar, um
maníaco-depressivo, ou como dizem de forma vulgar e ignorante, com um louco.
As
jornadas insanas de trabalho para tentar manter a cabeça ocupada em busca de
saídas que não a levassem a mais uma tentativa de suicídio, fizeram dela uma
profissional excepcional entre as crises depressivas e de mania. Ela conseguia
ludibriar toda uma firma, família, amigos e namorados ao esconder seu estado
mental. Enquanto isso, combatia na solidão, nuvens negras que se debruçavam em
seus pensamentos.
“Meus amigos eram
importantes para mim, mas suas manifestações de simpatia só me faziam sentir
ainda mais sozinha. Eles nunca mencionavam as palavras certas e nunca estavam
suficientemente próximos.” Pág. 103
Vários episódios me marcaram
no decorrer do livro: a forma como ela identificava o início de uma crise
maníaca, os pensamentos sombrios durante o período de depressão severa, a
lógica ágil e disforme com que ela via algumas situações...e mais milhares de
outras situações como o questionamento que ela faz no seguinte trecho:
"‘Mas que direito
você tem’, perguntei a mim mesma, ‘de ficar deprimida?’ Eu me lembrei do
consultório de meu terapeuta e dos milhares de dólares que gastava durante o
ano, reclamando sobre a vida. Lembrei-me do punhado de antidepressivos que
engolia a cada manhã: uma daquelas pílulas, sozinha, custava quase 400 dólares
por mês. Acrescente a essa
conta o psicofarmacologista que eu consultava a cada seis semanas por 300
dólares a consulta. No total, o custo da minha depressão era inacreditável,
mais do que o valor necessário para sustentar várias famílias Masai por um ano
inteiro. Que direito eu tinha?" Pág.97
Não existem meias palavras
nesse livro e se você se sente ofendido pela honestidade e até pela frieza com
que ela descreve os acontecimentos, aconselho que nem comece a leitura.
Não é apenas um
livro, uma fútil autobiografia. É perturbador, cheio de dor e regado de muitos
comprimidos, pílulas e idéias confusas de uma pessoa que luta diariamente para
conseguir mais um dia no mundo lá fora.
“Mas reconhecer a crise
maníaca é uma coisa. E tomar alguma atitude em relação a ela é outra coisa totalmente
diferente.” Pág.95
Para quem possui
Transtorno Bipolar é uma leitura que beira à clarividência. A pessoa se
identifica, se vê naquele espelho quebrado com pequenas partículas ainda
refletindo suas imagens. É ao mesmo tempo assustador e reconfortante, pois
monstra que milhares de pessoas, diagnosticadas ou não, tem o direito de ter
esperança e de ser tratado com dignidade.
“Eu não havia escolhido me
tornar maníaco-depressiva. Isso era uma coisa tão fora do meu controle quanto a
cor da minha pele ou o local onde eu nascera.” Pág.97
Àqueles que criticam os
que sofrem com esse transtorno, também terão uma boa noção do que ocorre na
cabeça do bipolar e como repentinas são algumas de suas atitudes. Na minha
opinião é um livro indispensável para os familiares e amigos que são próximos
de alguém com esse diagnóstico.
“Nada é mais frio e
solitário do que o dia seguinte, depois de uma noite de crise maníaca.” Pág.88
O texto pode parecer
confuso, no entanto ele dá a exata noção de como o raciocínio do Bipolar pula
de uma idéia para outra e se encontra perdido em uma terceira idéia. Tudo isso
numa fração de segundos.
“Quando você está numa
crise maníaca, sua mente corre tão rápido que consegue visualizar desfechos
para qualquer situação.” Pág.81“As epifanias dos maníaco-depressivos são como as estrelas cadentes: são
clarões rápidos e intensos, os quais desaparecem num instante.” Pág.89
Eu
adorei o livro. Me emocionei em vários trechos, mas senti um pedaço de
esperança, mesmo depois de tantas guerras travadas contra o transtorno. Existem
tratamentos pelos quais Terri se submeteu, que eu sequer tinha o conhecimento.
Por toda a avalanche de
emoções que esse livro despertou em mim, eu gostaria de agradecer à Editora
Larousse por ter enviado de forma cortês um exemplar do livro. Foi uma leitura
extremamente útil. Creio que muitos visitantes seriam beneficiados com essas
páginas tão marcantes.
“De repente, um puxão na
minha camisa me obrigou a olhar para baixo. Uma pequena menina, inteiramente
nua e com argolas nas orelhas, estava de pé bem na minha frente. Seu corpo
estava completamente coberto por feridas. Mas ainda assim ela sorria, um
sorriso tão largo quanto as savanas, tão esplêndido quanto o céu. E toda a
lógica do mundo perdeu o sentido. Eu não tinha argumentos para competir com
aquele sorriso. A única pergunta — e eu sabia que tinha ido até a África para
fazê-la — era: por quê? Por que aquela praga tinha visitado o vilarejo? Por que
meu querido David tinha que morrer? E por que, principalmente, por que eu era
maníaco-depressiva? Ou, talvez, a verdadeira questão seria: por que eu não era
digna de viver em sanidade?” Pág. 97
1 comentários:
Nossa, nunca tinha ouvido falar desse livro mas gostei bastante da história e a resenha ficou ótima, realmente explicativa.
Fiquei com vtd de ler o livro, parece que mexe bastante com as emoções e nos ajuda a dar valor ao que nós temos!
Mais um para a listinha de desejados hein!
beijos,
Aninha
True-Insights - http://true-insights.net/
Postar um comentário
Já comentou? Não? Então comente!!
Você alegra o meu dia quando deixa um comentário para mim! =)
E não esqueça de deixar o link do seu blog!