Título no Brasil: A Felicidade é Fácil
Autor: Edney Silvestre
Edição: 1ª
Editora: Editora Record
Número de Páginas: 224
ISBN: 8501094994
Exemplar cedido pelo Grupo
Editorial Record
SINOPSE: Em 'A felicidade é fácil',
o autor narra um dia de agosto - em plena era Collor - na vida do rico
empresário Olavo Bettencourt e sua mulher Mara, que têm suas vidas e a de todos
à sua volta modificadas ao receberem a notícia de que seu filho, Olavinho, fora
sequestrado. Na verdade, Olavinho dormia tranquilamente em seu quarto, enquanto
o filho do caseiro, um menino louro e de olhos claros, muito parecido com Mara,
encontrava-se trancafiado em algum lugar sujo da cidade de São Paulo. Silvestre
reúne personagens complexos cujos destinos e transformações pessoais são
diretamente impactados pela história recente do Brasil.
MINHA LEITURA DO LIVRO:
Nunca havia lido nada do
Edney Silvestre e é provável que só o conhecesse pelas matérias que uma vez ou
outra o vi apresentar como correspondente de uma emissora de televisão. Sendo
assim não havia qualquer pretensão de eu fosse achar a história intrincada e
cheia das habituais sacadas que deixam o leitor frenético para ler a próxima
folha.
O título, A FELICIDADE É
FÁCIL, não era tão impactante quanto o menino de cabelos visivelmente claros,
com olhos visivelmente claros, estampado na capa. Aliás, falando da capa, entre
a imagem do garoto, o título que muitos me perguntaram se era caso de um livro
de ‘auto ajuda’, o azul piscina e as letras com nome do autor e do título...lá
nessa mesma capa abaixo do título lê-se ‘Romance’ – e então outra percepção
errada surge para o leitor desatento. Nada de livro de autoajuda,
autoestima ou motivacional. O livro é um romance policial, com doses tensas de
suspense, uma avalanche de informações históricas e detalhes precisos das
reações humanas. É romance policial, romance político e até o dia de hoje eu
não tinha lido nada nesse sentido.
Conta a história de um
sequestro que se passa em São Paulo, num dos tantos momentos políticos
em que o Brasil tem vergonha de lembrar, mas que também foi um dos raros
momentos onde o povo deixou de ser o analfabeto político do qual fala Bertolt
Brecht, para se tornar o indivíduo de direitos, de opiniões, de consciência.
Situou-se na 'Era Collor'
depois do confisco, quando a inflação havia alcançado níveis jamais imaginados,
quando os ministérios eram cheios de segredos sujos e quando o país conheceu se
perguntava até quando o brasileiro conseguiria sobreviver daquela forma!
Tudo tem como ponto de
partida o sequestro do frágil menino de cabelos claros e olhos azuis, filho dos
caseiros de um homem importante no mundo da publicidade nacional: Olavo
Guaimiaba Bethencourt. Homem de conhecimento visionário; cavalo no jogo de
xadrez dos interesses econômicos de Brasília; que se ergueu e ganhou a posição
de ‘o mais importante na publicidade nacional’ graças às contas que sua empresa
conseguiu na base do apadrinhamento, da propina e tudo o que fosse necessário
para se obter um trabalho pago pelo governo.
A maior parte da leitura
rodeia as horas e acontecimentos do dia 20 de agosto daquele ano fatídico. Com
os vários personagens contando seus pensamentos, dialogando com seus próprios
problemas, interagindo com outros personagens e vivenciando a realidade de um
Brasil que a maioria já não se lembra mais.
As idas e vindas do texto,
também nos remetem à outro ponto histórico, como o comício em prol das Diretas
Já, realizado no dia 25 de janeiro de 1984 na praça da Sé em São Paulo, onde
uma multidão de cerca de 300 mil pessoas foram para as ruas há 27 anos. Osmar
Santos, Ulysses Guimarães, Mário Covas, Leonel Brizola, Franco Montoro,
Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio da Silva, Chico Buarque, Henfil,
Fernanda Montenegro – os chamados subversivos de sempre na época.
Os diálogos não seguem um
padrão. Não teremos sempre travessão, fala e ponto. Travessão, resposta e
ponto. Algumas horas os personagens falam em linhas contínuas, num só
parágrafo. O que no princípio foi um pouco confuso (porque você se sente meio
perdido sobre quem está falando o que), se tornou depois um jeito de entender a
precisão, frieza e habilidade dos personagens, assim como seu nervosismo,
frustração e desconfiança quando a situação parecia sair do controle.
Também achei algo
interessante em Mara, segunda mulher de Olavo. Nascida no Rio Grande do Sul,
com um passado duvidoso, ela é a imagem descrita das esposas de muitos homens
que tem algum tipo de poder ou influência, ou seja, são apenas peças
decorativas. Quando Olavo ataca suas maneiras, seu regionalismo, sua forma de
falar e quando ela demonstra o nojo, o asno, a dúvida sobre o preço que está
pagando para ter tudo aquilo que ela sempre quis...Quando nós olhamos esse
quadro, é apenas para concordar que ele existe e o autor foi brilhante
descrevendo a relação deles em detalhes e intimidades.
A forma como a mãe do
menino sequestrado suplica em sua fé por um acalento é emocionante. Mara, a
esposa de Olavo, também tem uma reação que pode ser considerada chocante quando
se trata de seu próprio filho: é necessário amar um filho? Seria ela possível
amar o próprio filho?
Existem mil coisas que eu
poderia falar sobre o livro (dentre elas o apelo desesperado da mãe do menino
sequestrado, por engano, no lugar do filho dos patrões), mas provavelmente eu
estragaria a leitura e esse livro vale a pena ler.
Para
ler um trecho do livro clique aqui
3 comentários:
Amei a resenha...deixou um gostinho de quero ler esse livro sem contar nada crucial da história. pelo menos assim espero.
anarafaella19@hotmail.com
rafa_ella19
Ei, Annie. Confesso que não conhecia esse livro! Parece bem interessante. Tenso, mas interessante. E a época em que se passa, "Era Collor".... Parece prometer mesmo. E se você gostou!
Adoreia a dica!
Beijinhos,
Náh
@lerdormircomer
Muito interessante, a era Collor é um dos temas mais badalados da história do nosso país, alem de que, fatos que narram um cotidiano é chocante, pois faz com que o leitor pense e reflita sobre atos de sua vida. Além de ser um fato do dia-a-dia, traz a informação de que nem todas as informações são verdadeiras, por isso, muito cuidado na hora de atender um telefonema ou outra fonte de informação, pois os fatos podem não ser verídicos. Não conhecia esse livro, mas pela sinopse e o títilo do livro está devidadamente aprovado! Eu quero adquiri-lo. Adoro livros.... amo ler.... e me faz bem!Parabéns pela pulblicação!
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