terça-feira, 29 de novembro de 2011

RESENHA | A Felicidade é Fácil (Edney Silvestre)

Título no Brasil: A Felicidade é Fácil
Autor: Edney Silvestre
Edição:
Editora: Editora Record
Número de Páginas: 224
ISBN: 8501094994


Exemplar cedido pelo Grupo Editorial Record

SINOPSE: Em 'A felicidade é fácil', o autor narra um dia de agosto - em plena era Collor - na vida do rico empresário Olavo Bettencourt e sua mulher Mara, que têm suas vidas e a de todos à sua volta modificadas ao receberem a notícia de que seu filho, Olavinho, fora sequestrado. Na verdade, Olavinho dormia tranquilamente em seu quarto, enquanto o filho do caseiro, um menino louro e de olhos claros, muito parecido com Mara, encontrava-se trancafiado em algum lugar sujo da cidade de São Paulo. Silvestre reúne personagens complexos cujos destinos e transformações pessoais são diretamente impactados pela história recente do Brasil.

MINHA LEITURA DO LIVRO:
Nunca havia lido nada do Edney Silvestre e é provável que só o conhecesse pelas matérias que uma vez ou outra o vi apresentar como correspondente de uma emissora de televisão. Sendo assim não havia qualquer pretensão de eu fosse achar a história intrincada e cheia das habituais sacadas que deixam o leitor frenético para ler a próxima folha.
O título, A FELICIDADE É FÁCIL, não era tão impactante quanto o menino de cabelos visivelmente claros, com olhos visivelmente claros, estampado na capa. Aliás, falando da capa, entre a imagem do garoto, o título que muitos me perguntaram se era caso de um livro de ‘auto ajuda’, o azul piscina e as letras com nome do autor e do título...lá nessa mesma capa abaixo do título lê-se ‘Romance’ – e então outra percepção errada surge para o leitor desatento.  Nada de livro de autoajuda, autoestima ou motivacional. O livro é um romance policial, com doses tensas de suspense, uma avalanche de informações históricas e detalhes precisos das reações humanas. É romance policial, romance político e até o dia de hoje eu não tinha lido nada nesse sentido.
Conta a história de um sequestro que se passa em São Paulo, num dos tantos momentos   políticos em que o Brasil tem vergonha de lembrar, mas que também foi um dos raros momentos onde o povo deixou de ser o analfabeto político do qual fala Bertolt Brecht, para se tornar o indivíduo de direitos, de opiniões, de consciência.
Situou-se na 'Era Collor' depois do confisco, quando a inflação havia alcançado níveis jamais imaginados, quando os ministérios eram cheios de segredos sujos e quando o país conheceu se perguntava até quando o brasileiro conseguiria sobreviver daquela forma!
Tudo tem como ponto de partida o sequestro do frágil menino de cabelos claros e olhos azuis, filho dos caseiros de um homem importante no mundo da publicidade nacional: Olavo Guaimiaba Bethencourt. Homem de conhecimento visionário; cavalo no jogo de xadrez dos interesses econômicos de Brasília; que se ergueu e ganhou a posição de ‘o mais importante na publicidade nacional’ graças às contas que sua empresa conseguiu na base do apadrinhamento, da propina e tudo o que fosse necessário para se obter um trabalho pago pelo governo.
A maior parte da leitura rodeia as horas e acontecimentos do dia 20 de agosto daquele ano fatídico. Com os vários personagens contando seus pensamentos, dialogando com seus próprios problemas, interagindo com outros personagens e vivenciando a realidade de um Brasil que a maioria já não se lembra mais.
As idas e vindas do texto, também nos remetem à outro ponto histórico, como o comício em prol das Diretas Já, realizado no dia 25 de janeiro de 1984 na praça da Sé em São Paulo, onde uma multidão de cerca de 300 mil pessoas foram para as ruas há 27 anos. Osmar Santos, Ulysses Guimarães, Mário Covas, Leonel Brizola, Franco Montoro, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio da Silva, Chico Buarque, Henfil, Fernanda Montenegro – os chamados subversivos de sempre na época.
Os diálogos não seguem um padrão. Não teremos sempre travessão, fala e ponto. Travessão, resposta e ponto. Algumas horas os personagens falam em linhas contínuas, num só parágrafo. O que no princípio foi um pouco confuso (porque você se sente meio perdido sobre quem está falando o que), se tornou depois um jeito de entender a precisão, frieza e habilidade dos personagens, assim como seu nervosismo, frustração e desconfiança quando a situação parecia sair do controle.
Também achei algo interessante em Mara, segunda mulher de Olavo. Nascida no Rio Grande do Sul, com um passado duvidoso, ela é a imagem descrita das esposas de muitos homens que tem algum tipo de poder ou influência, ou seja, são apenas peças decorativas. Quando Olavo ataca suas maneiras, seu regionalismo, sua forma de falar e quando ela demonstra o nojo, o asno, a dúvida sobre o preço que está pagando para ter tudo aquilo que ela sempre quis...Quando nós olhamos esse quadro, é apenas para concordar que ele existe e o autor foi brilhante descrevendo a relação deles em detalhes e intimidades.
A forma como a mãe do menino sequestrado suplica em sua fé por um acalento é emocionante. Mara, a esposa de Olavo, também tem uma reação que pode ser considerada chocante quando se trata de seu próprio filho: é necessário amar um filho? Seria ela possível amar o próprio filho?
Existem mil coisas que eu poderia falar sobre o livro (dentre elas o apelo desesperado da mãe do menino sequestrado, por engano, no lugar do filho dos patrões), mas provavelmente eu estragaria a leitura e esse livro vale a pena ler.

 Para ler um trecho do livro clique aqui

3 comentários:

Rafaella disse...

Amei a resenha...deixou um gostinho de quero ler esse livro sem contar nada crucial da história. pelo menos assim espero.

anarafaella19@hotmail.com
rafa_ella19

Unknown disse...

Ei, Annie. Confesso que não conhecia esse livro! Parece bem interessante. Tenso, mas interessante. E a época em que se passa, "Era Collor".... Parece prometer mesmo. E se você gostou!
Adoreia a dica!
Beijinhos,
Náh
@lerdormircomer

carlos valdeir disse...

Muito interessante, a era Collor é um dos temas mais badalados da história do nosso país, alem de que, fatos que narram um cotidiano é chocante, pois faz com que o leitor pense e reflita sobre atos de sua vida. Além de ser um fato do dia-a-dia, traz a informação de que nem todas as informações são verdadeiras, por isso, muito cuidado na hora de atender um telefonema ou outra fonte de informação, pois os fatos podem não ser verídicos. Não conhecia esse livro, mas pela sinopse e o títilo do livro está devidadamente aprovado! Eu quero adquiri-lo. Adoro livros.... amo ler.... e me faz bem!Parabéns pela pulblicação!

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